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Neste  texto  apresentamos  considerações  sobre  o  Museu  Antropológico  e Etnográfico  Estácio  de  Lima,  sua  história,  coleção  e  exposição,  a  partir  de pesquisas em documentos do referido Museu, depositados no Departamento de Polícia Técnica da Secretaria de Segurança Pública do Estado da Bahia, órgão ao  qual  o  mesmo  estava  ligado.  Fechada,  desde  alguns  anos,  este  Museu  é emblemático  no  quadro  das  representações  do  Estado  relativas  às  dinâmicas culturais afro-brasileiras, notadamente o candomblé, a partir da perspectiva da criminalidade e costumes. Seu acervo de objetos afro-religiosos era exposto ao lado  de  objetos  referentes  à  criminalidade  e  a  desvios  patológicos,  em  um  discurso  museológico  e  expositivo    que  dava  continuidade  aos  argumentos científicos racializados e racistas do final do século XIX e primeiras décadas do século  XX.  A  pesquisa  atual  faz  parte  do  nosso  Projeto  de  Pesquisa:  Coleção Estácio de Lima – Tratamento, Estudo e Divulgação de uma coleção testemunha da intolerância, iniciado com o estudo da coleção de artefatos afro-religiosos, depositados em comodato no Museu Afro-Brasileiro da Universidade Federal da Bahia, desde 2010. Esgotada a primeira fase, partimos agora para investigar a instituição  como  um  todo,  buscando  entender  a  articulação  do  módulo  afro-brasileiro  com  os  demais.  A  principal  dificuldade  encontrada  é  o  acesso  a documentos, inclusive sem a certeza de que os mesmos existem. Neste momento realizamos  a  leitura  de  mais  de  uma  centena  dos  livros  de  Queixas  e Ocorrências  da  Delegacia  de  Jogos  e  Costumes,  que  tratava  do  controle  dos terreiros  de  candomblé,  na  primeira  metade  do  século  XX.  Nosso  objetivo  é identificar relações entre esta Delegacia e  o acervo depositado no Museu. As informações  que  apresentamos  neste  texto  referem-se,  basicamente,  aos fragmentos de textos  expositivos,  etiquetas,  relatórios,  entre outros, do  próprio Museu e visam possibilitar uma melhor compreensão do que era o seu espaço expositivo e quais os conteúdos eram apresentados.